sexta-feira, 5 de agosto de 2016

Debate #MinasProgramam: Negras e Tecnologia




O Minas Programam nasceu em maio de 2015 com o objetivo de aumentar a quantidade de mulheres envolvidas com programação e tecnologia. A ideia é realizar atividades de empoderamento feminino que desmitifiquem a noção de que trabalhar, se envolver e se interessar por tecnologia é "coisa de homem".

A programação é uma ferramenta crucial na forma como estruturamos o mundo hoje: através dela criamos soluções para as nossas cidades, nossa comunicação, nossa saúde. Assim, as pessoas que trabalham com tecnologia influenciam muito na construção da sociedade. Isso significa que enquanto as mulheres não estiverem mais presentes no setor de tecnologia, nossas ideias, preocupações e propostas estarão menos representadas.

Entre os meses de outubro de 2015 e dezembro de 2016 promovemos um curso de programação só para mulheres. As aulas eram ministradas exclusivamente por mulheres, o que criou um ambiente de aprendizado livre de machismo e hostilidade, e ao mesmo tempo desbancou qualquer mito de inferioridade ou incapacidade feminina. Os conteúdos abordados iam desde a formação técnica em programação até discussões políticas sobre gênero, divisão sexual do trabalho e tecnologia.

O projeto tem conseguido atingir muitas meninas e mulheres que queriam se envolver com tecnologia e programação e não encontravam inserção nos cursos tradicionais. O resultado foi muito positivo. Ao longo do curso de programação para mulheres, e também durante as demais atividades e oficinas que realizamos pela cidade de São Paulo, ficou cada vez mais evidente a necessidade de trabalhar intensamente com mulheres negras, visto que elas. são atingidas mais fortemente pelos marcadores sociais da diferença.

De acordo com dados levantados pelo #ProjectDiane, de um número aproximado de 2200 startups americanas de tecnologia lideradas por mulheres, apenas 88 contam com mulheres negras CEOs. Assim como uma maior diversidade de gênero na tecnologia é um caminho para tecnologias melhores, mais inclusivas, e mais eficientes, promover uma maior diversidade racial no setor é igualmente importante. A empresa Slack recentemente ganhou o prêmio de startup com o maior índice de crescimento. Durante a cerimônia de premiação, 4 engenheiras negras subiram ao palco para aceitar o prêmio. O discurso de uma delas, Kiné Camara, reforçava que era a diversidade racial da empresa um dos elementos cruciais para o sucesso.

Quando pensamos no perfil da pessoa que trabalha com tecnologia, quase sempre visualizamos um homem branco e raramente uma mulher negra. Esse perfil foi arquitetado ao longo das últimas décadas e um dos primeiros passos pra mudar esse cenário é falar sobre o assunto. Com o apoio do HackLab, o projeto Minas Programam vai promover um debate sobre a presença de mulheres negras na tecnologia.

As convidadas são a Maria Rita Casagrande (Blogueiras Negras), a Buh D'Angelo (InfoPreta), a Camilla Gomes (MariaLab) e Cristiane de Paula (Núcleo de Consciência Negra da USP). Vamos conversar sobre os estereótipos de carreira associados às mulheres negras, discutiremos as experiências das convidadas e conversaremos sobre como a intersecção entre machismo e racismo acaba afetando o envolvimento das meninas e mulheres negras com a tecnologia. Além disso, o tema da violência contra mulheres negras na internet também será abordado.

O Debate #MinasProgramam: Negras e Tecnologia ocorre no dia 23 de agosto, às 19h, na Rua Engenheiro Francisco Azevedo, nº 216, em São Paulo. A participação é gratuita e não é necessário fazer inscrição.

Link para evento no facebook: https://www.facebook.com/events/1635985726713888/

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